Mães de crianças com autismo protestam por direitos na Câmara de Vereadores de Conquista

No Dia Mundial do Autismo, o Grupo de Mães Autistas Unidas cobrou ações na Câmara e recebeu apoio das vereadoras Léia de Quinho (PSD) e Cris Rocha (MDB).

02/04/2025 às 17h30 Atualizada em 10/04/2025 às 09h32
Por: Redação
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FOTO: Arquivo Interior Baiano
FOTO: Arquivo Interior Baiano

O dia 2 de abril é celebrado como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e marca o início da campanha Abril Azul, que tem como objetivo difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano e combater o preconceito. Estima-se que, na cidade de Vitória da Conquista, existam cerca de 5 mil crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para as mães atípicas do município, entretanto, hoje não é um dia de comemoração, mas sim de luta. Aproveitando a data, o Grupo de Mães Autistas Unidas participou da sessão do dia na Câmara Municipal, onde realizou um protesto pacífico para reivindicar melhorias na saúde e maior empenho na promoção de políticas públicas que atendam essa parcela da população.

Durante o uso da Tribuna Livre, a presidente do grupo, Nerisvalda Matos — mãe de um filho autista de 31 anos e avó de uma criança de 10 anos — destacou que não havia motivos para comemoração. Ela explicou que o grupo representa todas as famílias atípicas e pessoas com deficiência, independentemente de questões partidárias, religiosas ou de qualquer outra natureza. Segundo Nerisvalda, essas famílias estão pedindo socorro e clamando pelo básico. “Aqui é a Casa do Povo, e a gente pede socorro para a saúde mental de Conquista. Se cada vereador se engajar na luta, quem ganha é a cidade. A situação é séria! Não adianta priorizar outras coisas”, reclamou.

A presidente também denunciou a alta demanda do CAPS IA, onde, até 2024, segundo ela, era necessário chegar às 3h40 da madrugada para conseguir um acolhimento — etapa anterior ao atendimento. Atualmente, mais de 4 mil crianças autistas passam pelo Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil do município, o que evidencia a necessidade da criação de um Centro de Referência para o Tratamento do Autismo.

Outra mãe atípica que participou do protesto foi Jaqueline Ferreira, que relatou um episódio de desrespeito envolvendo sua filha autista, Cecília Ferreira, de 9 anos, dentro de um ônibus do transporte público de Vitória da Conquista. Segundo Jaqueline, a menina não conseguiu passar pela catraca, e a cobradora se recusou a aceitar a situação, iniciando uma discussão que acabou na justiça. “O autista ainda é muito desrespeitado! Nós estamos respaldados por muitas leis municipais e federais, só que essas leis não saem do papel. A gente tem deficiência na saúde, não temos inclusão na educação, não temos cuidadores. Os filhos da gente ficam sem ir para a escola porque não tem cuidador. Consulta no CAPS? Duas vezes no ano! Então, comemorar o quê? Hoje, não temos o que comemorar, e sim protestar, porque os nossos direitos são violados o tempo todo”, denunciou Jaqueline.

A vereadora Léia de Quinho (PSD) prometeu ouvir o grupo Mães de Autistas Unidas e elaborar projetos que beneficiem as famílias atípicas. Foto: ASCOM 

 

A vereadora Léia de Quinho (PSD) iniciou seu discurso ressaltando a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo e mencionou que essa foi uma pauta recorrente em sua campanha eleitoral de 2024. “Como as mães colocaram aqui para a gente, hoje não é um dia de comemoração e celebração. É um dia de luta para todas elas”, afirmou, destacando a relevância de debater as questões relacionadas ao autismo e às dificuldades enfrentadas pelas famílias. Léia, que é madrinha da instituição João e Maria, aqui de Vitória da Conquista, se comprometeu a marcar uma reunião com o grupo de mães atípicas para ouvir suas demandas. “Quero ouvir! Quero saber das necessidades dessas mães, dessas famílias, porque ninguém melhor do que elas para nos ajudar a elaborar projetos que melhorem a qualidade de vida dessas pessoas”, pontuou a vereadora.

Já a vereadora Cris Rocha (MDB) destacou que o dia de hoje é essencial para a conscientização e o combate ao preconceito contra pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela também se colocou à disposição para ser porta-voz da luta por direitos, acessibilidade e melhorias na saúde. “Hoje, minha indicação será para a criação do Centro de Referência do Autista, uma resposta à demanda de tantas pessoas que têm nos procurado. É essencial garantir um atendimento eficaz para as pessoas com TEA. Contem comigo! Essa é uma luta que todos nós devemos abraçar, e não medirei esforços para buscar apoio junto às esferas municipal, estadual e federal”, afirmou Cris Rocha.

A vereadora Cris Rocha (MDB) indicou a construção de um Centro de Referência para o Autismo. Foto: Ascom CMVC

 

A sessão da Câmara também foi marcada por uma homenagem ao ex-prefeito da cidade, José Pedral Sampaio, que completaria 100 anos em 2025. No painel, além de fotos do ex-prefeito e de suas obras, uma frase o nomeava como “Arquiteto de Vitória da Conquista”.

 

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